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Com lágrimas nos olhos a encontrei, era uma segunda feira e acabava de chegar à academia para iniciar a semana na atividade, afinal no primeiro dia da semana devemos começar bem. Chamou-me a atenção seu jeito cabisbaixo, um ar melancólico e certo silencio que não lhe cabia, ela estava triste. Impulsivamente lancei a pergunta: hoje você está diferente, o que houve? Provoquei o que estava aparentemente sob controle e num tom baixo quase um canto de lamento falou algumas palavras sobre o que se passou no seu fim de semana. Trocamos algumas experiências e ela me contou que os filhos haviam finalmente se mudado, e que passara o domingo arrumando a nova casa do caçula, agora com 19 anos. Ele entrou na faculdade e mudou-se para um apartamento em outra cidade e agora passaria os 5 anos do curso fora de casa.

Quem tem filhos nessa idade sabe o que significa esse momento. Criamos os filhos para o mundo, mas intimamente os queremos sempre perto.

Pai e mãe passam por esse processo e sofrem. As mulheres são mais afetadas nesse momento, pela sua condição materna e mesmo aquelas que trabalham fora vivem sentimentos de vazio, tristeza e até depressão quando o ninho se esvazia.

Há casos em que filhos se vão pela morte e aqui o afastamento é doloroso e inevitável. Não se trata apenas do ninho vazio, mas da pior dor que um ser humano pode viver.

O que fazer, como se portar, o que é normal sentir? São dúvidas frequentes e normais que devem ser enfrentadas e respondidas para que o ciclo seja mais ameno.

Alguns cuidados devem ser tomados no passar dos anos, e nunca se esquecer que as relações necessitam de exercícios, de reciclagem, de reformulação de contratos e muita compreensão para que as vivências evolutivas aconteçam sem tanto sofrimento.

Primeiramente, o casal deve ter como pontual o fato que, antes mesmo da paternidade, veio a paixão de um pelo outro e que o amor entre eles deve ser o combustível principal da relação.

Se o núcleo é composto de apenas um progenitor, esse deve compor sua vida com os amigos, familiares e novos parceiros.

Contatos, vínculos e apoio da rede relacional são importantes, mas cada pessoa deve invariavelmente da sua condição civil, de idade ou sexo, manter o processo de equilíbrio interno e autoestima em dia. Isso significa dizer que devem manter as atividades normais e acrescentar novas. Continuar a reciclagem profissional, programar e realizar sonhos arquitetados no passar dos anos que foram arquivados por falta de dinheiro, tempo ou disposição para deixar os filhos ainda pequenos. Os casais devem se aproximar e lembrar aonde foi parar o “enfim sós”

O esvaziamento do ninho pode ser tardio, hoje alguns filhos preferem o conforto do lar paterno a ter que assumir as responsabilidades da vida adulta.

Algumas dicas para que esse momento não seja tão sofrido, pois verdade seja dita, será doloroso de qualquer forma, seria manter em dia a relação conjugal. Namorar mais, viajar, conversar. Fazer da casa um ambiente saudável e prazeroso para onde os filhos voltem sempre que quiserem ou puderem.

Construir o melhor e mais poderoso alicerce para qualquer relação: a autoestima elevada e íntegra.

Encarar o fato como um processo contribui para diminuir o peso da perda.

Para as mulheres aconselho que não se dediquem somente aos filhos, o marido será seu companheiro nesse período.  Aos homens que apóiem e se solidarizem a companheira para que vivam bons momentos.

Aos filhos que sejam carinhosos, solícitos e presentes sempre que puderem, lembrando que um dia viverão essa fase.

Lembre-se que metade de nós é ninho, a outra, passarinho que quer voar.

Um abraço e até a próxima oportunidade.

 

Elisa Moreno Joaquim.  

Psicóloga - Terapeuta Individual, Casais e Famílias.

Especialista pela PUC SP em Terapia Familiar.

Clínica: Rua 7 de setembro, 189 centro.

Clinica Moreno & Joaquim

Fone: (14) 38151388 

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